domingo, 9 de novembro de 2008

Pequenas (e preciosas) pérolas

No mundo capitalista, fala-se muito sobre ter, vencer, crescer, conquistar. Acabamos assoberbados pelas responsabilidades que nos consomem a maior parte de nosso tempo. Respirar é quase um luxo. É claro que todos nós temos sonhos e planos, ninguém vive em um constante vazio. Mesmo aqueles que procuram aparentar isto, viajam de vez em quando em seus devaneios. Mas, quanto nos custa tanto esforço? O jargão americano que colou no mundo todo de que "tempo é dinheiro" parece consumir nosso melhor. E para que mesmo? Ah, ok, conquistar a casa, o carro, a fama... e quando chegarmos lá? Isto mesmo, e depois? Não sou contra as conquistas, tenho meus sonhos. Mas confesso que me sinto a mulher mais rica deste mundo, não tentando comparar minha "fortuna" com a de ninguém. Meu maior tesouro são os três filhos com os quais fui presenteada. Meu filho mais velho, que fará quinze anos dia 13, é um amor... muito dedicado , companheiro , um verdadeiro comunicador, cheio de criatividade. Minha filha, com 08 anos, é a realização do que eu sempre quis ser e não pude kkk porque não tive sua delicadeza, ela deveria ser totalmente cor-de-rosa! rs é linda, inteligente, canta tão bem... e meu bebê que nesta data faz quatro aninhos (tão longe de mim! Ai, primeiro aniversário longe, mas, amanhã, ele estará de volta e vai ser uma segunda-feira inesquecível, porque irei apertá-lo tanto!kkk), tão vivo, com seus dons para a música... São eles minha mola propulsora, que me impele à enfrentar todas as lutas cotidianas. São eles quem me roubam os primeiros pensamentos do dia. É por eles que arregaço as mangas e enfrento a vida. Mas, também são deles os beijos que me despertam logo cedo e é com eles que rio horas a fio, nas conversas, nas brincadeiras. É com eles que diariamente, aprendo o que é ser mãe... que muito, muito além de uma grande responsabilidade é uma incontestável alegria. Claro que busco coisas boas para meus filhos, mas, para retribuir-lhes seu amor e confiança que são as melhores coisas de minha vida. Fui roubada em meu tempo, tentando dar-lhes o melhor e por mais antagônico que pareça, descobri que eu era o melhor, minha presença e a certeza de meu amor... O Rei Salomão o homem mais sábio que já existiu, questiona-nos sobre de que terá valido nosso trabalho? Questione-se. Não deixe que a ânsia de conquistar boas coisas, roube-lhe o prazer de ver, enxergar e viver as melhores.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

E viva Barack Obama!

Em tempos de crise muitas coisas são absolutamente novas. Como a incrível vitória de Barack Obama á Presidência dos Estados Unidos. O emprego mais almejado do mundo (rs) pertence ao mais inesperado personagem já visto em toda história da política mundial. Também pudera: um representante negro não é um grito apenas americano, foi como se cada negro na face da Terra dividisse com ele este mérito. E cada pobre injustiçado tenha lavado sua alma. Filho de um queniniano, carismático, com palavras amigáveis, sempre positivo, com uma história comovente de pobreza e superação, Obama mais parece saído de filmes àgua com açúcar, onde o mocinho nada tem senão amor, amor, doce amor... E não estou aqui para criticá-lo, ah, isto não mesmo. Na realidade, já sabia que isto aconteceria. Não há acasos. Como não é casual a estreita relação entre o atual rei da cocada preta (desculpe, afro-descendente) e nosso otimista presidente. Que o berço esplêndido sobre o qual estamos deitados seja de invejável valor, que os pulmões do mundo ainda tossirão muito até ter seu preço etiquetado, que o quebra-quebra de bolsas levará muitos saltos altos a se partirem também, que empresas outrora de base sólida serão fechadas do dia para a noite e tanto mais estão a caminho. Não, não, não há acasos. O leitor mais desatento, pode achar absurda minha colocação, mas, aqueles que tem interesse em conhecer com que força se aperta este laço, sabe tanto quanto eu que justamente a inexperiência e despreparo de Barack Obama, prepararão um dos cenários mais esperados e menos cordiais (que diplomacia alguma poderá amenizar) de toda a história da humanidade. Sem abalos emocionais rs. O próprio Jesus, em vias de ser entregue aos açoites que sofreu disse a Pilatos que nenhum poder teria se esta não fosse a vontade de Deus... A vida segue e o mundo vai com ela, lenta e cotidianamente para o esperado boom que esta aparente grande vitória de Barack Obama trará não apenas aos Estados Unidos da América, mas, a cada cidadão do mundo. Sem fatalismo, sem dramatizar fatos. Apenas sentemo-nos em nossas confortáveis poltronas e assistamos ao desenrolar desta trama que levará primeiramente a própria nação à colher frutos de prostituição moral, espiritual, orgulho e um patriotismo que esqueceu de suas raízes afim de cumprir algo muito maior. Comecem os jogos. Vejamos em quanto tempo, o mundo pedirá por alguém que lhe dê solução imediata de consequências eternas. E como o próprio slogan de Barack declara, estes serão tempos de imensas mudanças.

sábado, 1 de novembro de 2008

Conto: A menina na janela

A menina abriu os olhos de repente, quase em um susto . Ficou ainda um tempo sem mover-se, imaginando o que fizera até alí... as amizades e brincadeiras, o quanto sorriu, o quanto chorou... um risinho lhe escapou memorando bons momentos, de banho de mangueira, de brincar de boneca, das tranças caindo-lhe sobre os ombros, andar descalço pelas ruas do descompromisso... Assentou-se lentamente, enquanto lágrimas brotavam em seus olhos... pensamentos sobre as perdas que teve, os erros que cometeu e pelos quais foi castigada. Os dias chuvosos que obrigaram-na a ficar trancada... os dias cinzentos que pareceram-lhe feios quadros dependurados na parede de suas memórias... os dias de frio que sentia-se obrigada à reclusão. A tristeza tomou seu coração e ela ficou a pensar se valia mesmo a pena levantar-se naquele dia. As lágrimas corriam livremente por seu rosto, assim como outrora ela mesma correra pelos campos de sua inocência. Por que ,às vezes, o mundo parecia tão ruim? Por que as pessoas pareciam tão confusas e malucas indo e vindo como em um ballet alucinado? Sentia medo, medo muito medo... o que será mesmo que aquele dia lhe reservaria? Mas, de repente percebeu, que o a mantivera acomodada em sua confortável cama foram as delícias memoráveis que vivera e que, naquele momento, a lembrança amarga dos espinhos que perfuraram seus delicados pés, faziam-na temer o porvir... Mais um risinho, este de convicção. A menina levantou-se de um salto e corajosamente abriu a janela. Como um presente escondido, encontrara um dia ensolarado, com pássaros e borboletas, havia perfume de flores e tantas cores... nem mesmo o cinza frio dos arranha-céus destoavam da paisagem, o burburinho de gente falando, carros passando, música ao longe. Cheia da alegria e confiança que só tem quem se conhece, ela saiu rapidamente e abriu as portas que a levariam ao mundo. As tranças não caíam-lhe mais sobre os ombros. Na janela não havia mais uma menina. Naquela manhã, uma mulher despontava para o mundo...

Moral: Que as coisas boas sejam doces lembranças sem o poder de enclausurá-las no que já foi e que as não tão boa, jamais lhe roubem a ousadia de descobrir dia-a-dia a pessoa que existe em você.